sábado, 21 de agosto de 2010

DROMOCORPOREIDADE INTENSIVA



José Gerardo Vasconcelos


1 INTRODUÇÃO

Refletir sobre o corpo ou mais especificamente sobre a velocidade do corpo – dromocorporeidade - é tarefa que põe em evidência as incertezas anunciadas em torno da produção discursiva a ele associada. A tentativa de esconder o corpo em nome de um incorpóreo conceito de alma apresentado como verdade é demasiado atroz, funesta e, acima de tudo, antinatural. O cuidado que se lança no entorno do corpo, ou mais especificamente, da corporeidade marcada pelos despropósitos e corrupções advindas desse campo que se integra à passionalidade humana é preocupação que acompanha a reflexão filosófica em suas tentativas de normalizações da vida.
Escapando dos postulados que tentam atribuir ao corpo um sentido único articulado ao bem ou ao mal optaremos por pensá-lo em sua incompletude que trafega veloz no mundo hodierno. Da prisão da alma constituída em Platão à desconfiança rousseauniana em relação à técnica[1] que levaria ao enfraquecimento do corpo, porquanto impediria o seu desenvolvimento natural, lançaremos nossa visão ao novo modo de partilha que se estabelece entre corpo e tecnologia do corpo. Se Rousseau (1983, p. 239) indaga a civilização apresentando a força do homem selvagem com a seguinte questão:
Sendo o corpo o único instrumento que o homem selvagem conhece, é por ele empregado de diversos modos, de que são incapazes, dada a falta de exercícios, nossos corpos, e foi nossa indústria que nos privou da força e da agilidade que a necessidade obrigou o selvagem a adquirir. Se tivesse um machado, seu punho romperia galhos tão resistentes?
Se ele faz assim, poderíamos, quem sabe, estabelecer um entrelaçamento do corpo com as técnicas corporais na polifônica dança do conceito, ou seja, a mesma técnica que impede o desenvolvimento natural do corpo pelas facilidades da vida moderna pode produzir ou conduzir ao ideário do corpo saudável. Isso inclui todas as marcas necessárias que se podem expressar pela constituição de musculatura desenvolvida e apta ao registro de demarcação de um corpo saudável. A visibilidade do corpo é, para Lévy (1996, p. 29), constituída pela sua superfície: a cabeleira, a pele, o brilho do olhar. As imagens médicas, entretanto,  podem invadir o corpo, ver seu interior, sem romper a pele. Modelos digitais do corpo podem reconstituí-lo pelo avesso, ou, como anota Lévy (1996, p. 30): O organismo é revirado como uma luva. O interior passa ao exterior ao mesmo tempo em que permanece dentro.As possibilidades que se apresentam com o desenvolvimento da ciência em que se consubstancia o ideário de um corpo coletivo são cada vez mais tangíveis.
Os olhos (as córneas), o esperma, os óvulos, os embriões e sobretudo o sangue são agora socializados, mutualizados e preservados em bancos especiais. Um sangue desterritorializado corre de corpo em corpo através de uma enorme rede internacional da qual não se pode mais distinguir os componentes econômicos, tecnológicos e médicos. O fluido vermelho da vida irriga um corpo coletivo, sem forma, disperso ( Lévy , 1996, p. 30).
Esse corpo mediado pela técnica é o nosso objeto de estudo. Pela ação médica ou como objeto de atividades físicas, o corpo se lança ao tempo com uma velocidade surpreendente. O corpo saudável investido nas práticas esportivas ao corpo que carrega um pedaço do outro ou, simplesmente, confundindo a fronteira entre o que está vivo e o que é mineral, faz participar do próprio corpo uma prótese acústica, visual ou motora. Esse corpo “perfeito” não mutilado. Um pedaço que se dobra, adapta-se e sobrevive no corpo coletivo do outro. Iniciaremos com a reflexão de Nietzsche em Assim falava Zaratustra, para pensar a dromocorporeidade no interior do corpo sem órgãos, de Deleuze, ou quem sabe dialogar com a dromologia de Virilo (1996). Nesse caso, a velocidade passa a integrar outro espaço – uma mudança de estado – que habita os não-lugares. Para Virilo (1996, 89),
O corpo é uma casa vazia onde, se não tomarmos cuidado, sucedem-se locatários perturbadores, uma vez que convém tornar desconfortável(...). Mas do que casas, porém, esses corpos são veículos metabólicos e os pseudodemônios de que se tenta livra-los são antes de mais nada inteligências, também elas em trânsito (...). As inteligências estranhas insuflam um dinamismo invulgar aos corpos vagos, ordenando-lhes gestos adequados.
Esses vazios do corpo em movimento são, em última instância, carregados pelo espaço da técnica. Como se o vazio fosse infinito, o movimento do corpo acelera ainda mais os não- lugares que se seguem na ambigüidade estabelecida entre a perfeição e a incompletude da corporeidade. É que não se pode chegar ao corpo sem órgãos. Ele é, para Deleuze&Guattari (1996, p.9), não-desejo, mas também desejo. Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas.           
 2- NIETZSCHE E OS FRAGMENTOS DA HUMANIDADE NO CORPO DEVIR
Retalhar o corpo deslizante no discurso que se vai formando pelos vários saberes a envolverem a corporeidade é, no mínimo, ter a certeza de que se trata de um corpus inacabado, movido na sua incompletude, mas, ao mesmo tempo, se lança como um recorte alterado ou simplesmente como um ponto de destaque do corpo que se torna maior do que o próprio corpo ou menor do que o próprio órgão que é. Isso lembra o dia em que Zaratustra, passando por uma grande ponte, foi surpreendido por vários corpos retalhados que se lançaram pela falta ou deficiência de um pedaço de corpo. Esses corpos retalhados ou deformados investiram contra Zaratustra, lançando-lhe um desafio, cuja possibilidade acompanhava a crença na “doutrina” ou no “discurso” de Zaratustra.
Olha Zaratustra! Também o povo aprende de ti, e começa a crer na tua doutrina; mas para te acreditarem de todo ainda falta uma coisa: tens de nos convencer também a nós aleijados. Tens por onde escolher! Podes curar cegos, fazer andar coxos e aliviar um tanto o que leva às costas numa carga pesada. Será este, a meu ver, o melhor modo de fazer com que os aleijados acreditem em Zaratustra (Nietzsche, 2000, p. 113).
Zaratustra não quer exatamente que o sigam. Não deseja pregar às massas e muito menos que o tornem santificado. Necessita viver o próprio risco da existência em travessias assaz perigosas, cuja incerteza é o grande móvel da incompletude humana.  Ao mesmo tempo, quando anuncia que Deus morreu, lança ao ser humano o esplendor da vida recoberta pelo discurso do belo necessariamente transmudado no deslocamento da beleza narcísea.  Quem sabe, reste-nos a beleza do dançarino na leveza de Zaratustra. Nietzsche( 2000, p.113) responde pela boca de Zaratustra:
Desde que vivo entre os homens, porém, o que menos me importa é ver que a este falta um olho, àquele um ouvido, a um terceiro a perna, ou que haja outros que perderam a língua, o nariz, ou a cabeça.
Pouco importava a Zaratustra o acabamento do corpo envolvido e distribuído pelos órgãos integrantes do próprio ser. O corpo descrito por Nietzsche (1992, p. 31) já nos escritos de juventude é movido pelo êxtase dionisíaco e, principalmente, pela música. É um corpo que dança.
Cantando e dançando, manifesta-se o homem como membro de uma comunidade superior: ele desaprendeu a andar e a falar, e está a ponto de, dançando, sair voando pelos ares. De seus gestos fala o encantamento. Assim como agora os animais falam e a terra dá leite e mel, do interior do homem também soa algo de sobrenatural: ele se sente como um deus, ele próprio caminha agora tão extasiado e enlevado, como vira em sonho os deuses caminharem. O homem não é mais artista, tornou-se obra de arte (Nietzsche, 1992, p. 31).   
Esse corpo evidentemente trespassa a cólera do pensamento platônico-cristão sobre o corpo. É a potência do corpo revivida na obra de arte que é. A leveza de um deus que dança uma dança profana. Um deus que se embriaga e, ao mesmo tempo, move-se nas múltiplas formas de embriaguez descobertas pelo animal humano deslocado de seu ponto de equilíbrio. É nesse terreno que Zaratustra inverte a possível “deficiência” e, dilatando um órgão qualquer, transmuda o grande e o pequeno, o feio e belo, o fraco e o forte ou simplesmente lança um aleijado às avessas.
Há homens que carecem de tudo, conquanto tenham qualquer coisa em excesso – homens que são unicamente um grande olho, ou uma grande boca, ou um grande ventre, ou qualquer outra coisa grande – A esses chamo eu aleijado às avessas (...) Isto é uma orelha! Uma orelha do tamanho de um homem! Acercava-me mais, e por trás da orelha movia-se algo tão pequeno, mesquinho e débil que fazia compaixão. E efetivamente: a monstruosa orelha descansava num tênue cabelo esse cabelo era um homem! Olhando através de uma lente ainda se podia reconhecer uma cara invejosa, e também uma alma vã  que se agitava no remate do cabelo. O povo, contudo, dizia-me que a orelha grande era não só um homem, mas um grande homem, um gênio. Eu, porém, nunca acreditei no povo quando ele me falava de grandes homens.
Os fragmentos de humanidade escondem as decrepitudes dos órgãos na “harmonia” de um conjunto que padece destroçado em batalhas sangrentas e morticínios nossos de cada dia. Um corpo que vaza para todos os lados. Um conjunto de órgãos que não conseguem ser humanos pelos retalhos de cada órgão ou um somatório transfigurado na pequenez de um corpo formado por muitos órgãos, tornado ídolo.

3- TRAVESSIA DO CORPO SEM ÓRGÃOS
O corpo segue no tempo como o grande alvo do poder. Funde os dilemas da alma em manifestações desejantes que passam a incorporar e, concomitantemente, traduzir os ritos, normas, costumes e tradições, amalgamados no ethos que se vai configurando e transfigurando em cada contexto que, por sua vez, é totalmente vazado pelos inúmeros percursos que movimentam múltiplos sentidos da realidade conectados pelos fluxos e cortes que se seguem, transmudados em máquinas desejantes, ressoando nos interstícios da vida humana; essas máquinas binárias que se associam a outras tantas máquinas maiores e menores produtoras de fluxos que podem ser interceptados pelo corte da boca ou por tantos outros modos de corte.
É que há sempre uma máquina produdora de fluxos e uma outra que se lhe une, realizando um corte, uma extração de fluxos (o seio/ a boca). E como a primeira, por sua vez, está ligada a outra relativamente à qual se comporta como corte ou extração, a série binária é linear em todas as direções. O desejo faz constantemente a ligação de fluxos contínuos e de objetos parciais essencialmente fragmentários e fragmentados. (Deleuze & Guattari, 1966, p. 11).
O ato de produzir é necessariamente a inserção deste ato ao produto. Isso significa dizer que a produção é produção de produção, necessariamente; ou como a propulsão da máquina é, na realidade, a constituição de máquinas de máquinas, que se espalham por todos os lugares e, ao mesmo tempo, funcionam com a potência que lhes é devida. Nessa grande conexão, o corpo é trespassado por muitas forças; objetos não lineares e não diferenciados que impedem o vôo do corpo livre ou o seu deslizamento como corpo puro. Para Deleuze & Guattari, 1966, p. 13,
De certo modo, seria melhor que nada andasse, que nada funcionasse. Não ter nascido, sair da roda dos nascimentos, sem boca para mamar, sem ânus para cagar. Estarão as máquinas suficientemente avariadas para se entregarem ao nada? Dir-se-ia que os fluxos estão ainda demasiado ligados, que os objetos parciais são ainda demasiados orgânicos. Mas um puro fluxo em estado livre e sem cortes, deslizando sobre um corpo pleno.
Esse “corpo pleno” deslizando em estado livre. Esse corpo sem órgãos é, na realidade, improdutivo. Não pode ser consumido, nem engendrado. É estéril e ineficaz. Imaculado pelo gozo que se espalha nos interstícios do nada ou, quem sabe, do depois do amanhã. Esse corpo improdutivo poderá tornar-se produtivo pelas suas próprias conexões e seus próprios lugares. O corpo sem órgãos é corpo sem imagens. Não se pode projetá-lo. Não segue necessariamente para o futuro, nem acredita em promessas de felicidade.
O corpo sem órgãos não é o testemunho de um nada original, nem o resto de uma totalidade perdida. Mas sobretudo o que ele não é, de modo algum, é uma projeção: não tem nada a ver com o corpo de cada um  nem com uma imagem do corpo. É o corpo sem imagem. Ele, o improdutivo, existe onde é produzido, precisamente no terceiro tempo da série binário-linear. É perpetuamente re-injetado na produção (Deleuze & Guattari, 1966, p. 15).
O corpo sem órgãos é um elemento da antiprodução. Instaura-se um aparente conflito entre as máquinas desejantes conectadas por todos os lados e o corpo pleno sem órgãos. Entre fluxos e cortes que se estendem pelos descaminhos da vida, segue-se um barulho ensurdecedor para o corpo; o barulho das máquinas que ressoam em todos os sentidos e a incapacidade de converter-se em força binária, deslocando-se do seio até a boca, investe contra o corpo sem órgãos.
É um corpo que acha insuportável esse movimento da máquina. Ele quer estar só. Sente a podridão e o miasma exalando de suas entranhas. Os vermes e larvas delocando-se de seus órgãos imobilizados entre si em estado de repouso. Um corpo que não permite ser um organismo. Não quer se organizar. É descontinuidade pura que desliza em sua plenitude pelo bailado da divindade que passa a ter corpo e não órgãos. Seguir as vielas do caos em detrimento da certeza e da claridade. Mover-se entre o espetáculo de não ser um código, um ponto ou rito. Um tom qualquer ou qualquer tom que não deseja ser música nem máquinas de músicas. É o ocaso no tempo. O limite inaudito do silêncio em suas múltiplas formas. O sono e a morte de cada nova máquina binária instaurada e conectada em outra máquina. É o tempo que jaz. O amor de Ovídio por todas as mulheres que pode amar, mantendo-se livre o suficiente para, simplesmente, não amar. É que o CsO está no plano do devir. É um corpo intensivo. Os não-lugares postos por Virilo (1996) constituem campos de velocidade ou dromologias. Esses não-lugares só podem ser povoados por intensidades. É nesse locus que o CsO se põe a mover-se.
Um CsO é feito de tal maneira que ele só pode ser ocupado, povoado por intensidades. Somente as intensidades passam e circulam. Mas o CsO não é uma cena, um lugar, nem mesmo um suporte onde aconteceria algo. Nada a ver com um fantasma, nada a interpretar. O CsO faz passar intensidades, ele as produz e as distribui num spatium ele mesmo intensivo, não extenso (Deleuze&Guattari, 1996, p. 13).
As ondas de vibrações integram o corpo do masoquista que encontra o prazer, não como desvio do sofrimento mas aquilo que deve ser postergado ao máximo. O corpo do drogado como com seus atributos e produções de intensidade produzindo vibrações que lampejam entre tantos corpos integrados aos não-lugares de imanências desejantes.
Trata-se de criar um corpo sem órgãos ali onde as intensidades passem e façam com que não haja mais nem eu nem outro, isto não em nome de uma generalidade mais alta, de uma maior extensão, mas em virtude de singularidades que não podem mais ser consideradas pessoais, intensidades que não se pode mais chamar de extensiva. (Deleuze&Guattari, 1996, p. 13).
 4- CONCLUSÃO
A dromocorporeidade é intensiva e trafega em não-lugares, tal qual o Corpo sem Órgãos. A velocidade que se consubstancia nessa intensidade não se apega ao ideário de perfeição ou destituição de mutilações corpóreas. O pedaço do corpo pode mover-se mais do que o corpo ou ser mais intenso do que o prazeroso sofrimento do masoquista. É que a dromocorporeidade pode atribuir ao corpo intenso um móvel de satisfação ou contentamento que se expande no corpo do drogado. Aquilo que o drogado obtém, o que o masoquista obtém, poderia também ser obtido de outra maneira nas condições do plano: no extremo, drogar-se sem drogas, embriagar-se com água pura (Deleuze&Guattari, 1996, p. 29).
A intensidade da dromocorporeidade ou do CsO pode também ser experimentada pela atividade física e práticas esportivas  que Lévy (2003, p. 31)aponta como um esforço de ultrapassar limites, de conquistar novos meios, de intensificar as sensações, de explorar outras velocidades que se manifesta numa explosão esportiva específica de nossa época.
É nesse contexto que Lévy destaca os esportes extremos de devir como as práticas de queda e de deslizamento como reação à virtualização do corpo. Em particular, os esportes de deslizamento, como o surf, lançam essa potência com a intensidade que lhe é devida. O corpo do surfista apresenta-se com a intensidade do CsO e, ao mesmo tempo, constitui-se no limiar da dromocorporeidade. Para Lévy,
Entre o ar e a água, entre a terra e o céu, entre a base e o vértice, o surfista ou aquele que se lança jamais está inteiramente presente. Abandonando o chão e seus pontos de apoio, ele escala os fluxos, desliza nas interfaces, serve-se apenas de linhas de fuga, se vetoriza, se desterritorializa. Cavalgador de ondas vivendo na intimidade da água.
O corpo do surfista perdeu o seu peso. Como um dançarino nietzscheano, ele estende sua potência à potência das ondas. Penetra as águas para percorrer, no limite que forma com o tubo, uma travessia intensiva, produzida  pela força das ondas. Ele pulsa em campo minado. Conhece o risco desse percurso e desafia os próprios órgãos. Torna-se velocidade. Instaura a dromocorporeidade na prática intensiva. Movimenta-se entre o prazer, a dança e a loucura desse transgressor intempestivo, ascensional submerso.  Mesmo quando se esconde pela força das águas, ele parece voar. Não é somente o deslizamento, nem a flutuação em linhas de fuga que se vão formando ao longo do tubo. É no silêncio que o corpo do surfista passa a ejetar, os turbilhões de água que se põem em movimento. Não exatamente um ponto originário, a busca de um início, mas uma conexão. Ou como expressou Deleuze (1992, p. 151): inserção numa onda preexistente.     


6- BIBLIOGRAFIA
DELEUZE, G. GUATTARI, F. O Anti-édipo – capitalismo e esquizofrenia. Lisboa: Assírio & Alvim, 1966.
_____. Mil platôs, 3 - capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro, Ed. 34, 1996.
pp145-152.
_____. Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.
_____. Cibercultura.  São Paulo: Ed. 34, 1999.
NIETZSCHE, F. O Anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2003.
_____. Assim falou Zaratustra. São Paulo: Martin Claret, 2000.
_____. O Nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.
ROUSSEAU, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Abril Cultural, 1993. (Coleção os Pensadores).
VIRILO, Paul.  Velocidade e política. São Paulo: Estação liberdade, 1996.
             


[1] Não entendemos a técnica  como uma via de mão única que seja capaz de aterrorizar o ser humano ou como técnica em geral passivel de produzir efeitos danosos ao ser humano. Para Lévy, a técnica pode produzir efeitos diferentes no ser humano. As máquinas a vapor escravizaram os operários das indústrias têxteis do século XIX, enquanto os computadores pessoais aumentaram a capacidade de agir e de comunicar dos indivíduos durante os anos 80 de nosso século (...) Por exemplo, será legítimo colocar no mesmo plano a energia nuclear e a eletrônica? A primeira leva em geral a organizações centralizadas, controladas por especialistas, impõe normas de segurança bastante estritas, requer escolhas a prazo muito longo etc. por outro lado, a eletrônica, muito mais versátil, serve tão bem a organizações piramidais quanto à distribuição mais ampla do poder, obedece a ciclos tecno-econômicos muito menores etc. (Lévy, 1999, p. 23). 

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